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sexta-feira, 1 de julho de 2022

Depois da Morte - Leon Denis

DEPOIS DA MORTE - Léon Denis – pags.: 54 á 56

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A GRÉCIA 2ª Parte

Uma imponente figura domina o grupo dos filósofos gregos. É Pitágoras, aquele filho de Iônia que primeiro soube coordenar, esclarecer as doutrinas secretas do Oriente, fazer delas uma vasta síntese que abarcava, simultaneamente, a moral, a Ciência e a religião. Sua academia de Crotona foi uma escola admirável de iniciação laica, e sua obra, o prelúdio desse grande movimento de ideias que, com Platão e Jesus, ia abalar as camadas profundas da sociedade antiga e levar suas ondas até as extremidades do continente.

Pitágoras havia estudado durante trinta anos no Egito.

Aos vastos conhecimentos juntava essa intuição maravilhosa, sem a qual a observação e o raciocínio nem sempre são suficientes para descobrir a verdade. Graças a essas qualidades pôde elevar o magnífico monumento da ciência esotérica, da qual não podemos dispensar-nos de retraçar, aqui, as linhas essenciais:

A essência em si escapa ao homem, dizia a doutrina pitagórica.

O homem conhece apenas as coisas desse mundo, onde o finito combina-se com o infinito. Como pode conhecê-los?

Porque há entre ele e as coisas uma harmonia, uma relação, um princípio comum, e esse princípio lhes é dado pelo Único, que lhes fornece com sua essência o equilíbrio e a inteligibilidade.

Vosso ser vos pertence, vossa alma é um pequeno universo, mas está cheia de tempestades e de discórdias. Trata-se de nela realizar a unidade na harmonia. Só então, lentamente, Deus descerá à vossa consciência e participareis, então, do seu poder e fareis da vossa vontade a pedra da lareira, o altar de Hestia, o trono de Júpiter.

Os pitagóricos chamavam de espírito ou de inteligência a parte ativa e imortal do ser humano. A alma era para eles o espírito revestido de seu corpo fluídico, etéreo. O destino da Psiquê, a alma humana, sua descida e sua prisão na carne, seus sofrimentos e suas lutas, sua reascensão gradual, seu triunfo sobre as paixões e seu retorno final à luz, tudo isso constituía o drama da vida, representado nos mistérios de Elêusis, como o ensino por excelência.

Segundo Pitágoras, a evolução material dos mundos e a evolução espiritual das almas são paralelas, concordantes e se explicam uma pela outra. A grande alma, espalhada na Natureza, anima a substância que vibra sob sua impulsão e produz todas as formas e todos os seres. Os seres conscientes, através de longos esforços, desprendem-se da matéria, que dominam e governam, por sua vez, libertam-se e se aperfeiçoam através de suas existências inumeráveis. Assim, o invisível explica o visível e o desenvolvimento das criações materiais é a manifestação do Espírito Divino.

Se se pesquisa nos tratados de Física dos antigos, seu pensamento sobre a estrutura do Universo, encontra monos na presença de dados grosseiros e ultrapassados; mas são apenas alegorias. O ensino secreto dava sobre as leis do Universo noções de outro modo elevadas. Aristóteles nos diz que os pitagóricos conheciam o movimento da Terra em torno do Sol. A ideia da rotação terrestre veio a Copérnico através de uma passagem de Cícero que Hycétas, discípulo de Pitágoras, falara do movimento diurno do globo. No terceiro grau da iniciação, ensinava-se o duplo movimento da Terra.

Como os sacerdotes do Egito, seus mestres, Pitágoras sabia que os planetas nasceram do Sol e que giravam em torno dele, que cada estrela é um sol que ilumina outros mundos e compõe, com seu cortejo de esferas, tantos sistemas siderais, quantos universos regidos pelas mesmas leis que o nosso.

Mas essas noções nunca eram confiadas à escritura. Constituíam o ensino oral, comunicado em segredo. O vulgo não as teria compreendido; tê-las-ia considerado como contrárias à mitologia, por conseguinte, sacrílegas.

A ciência secreta ensinava, também, que um fluido imponderável estende-se sobre tudo, penetra em tudo. Agente sutil, sob a ação da vontade, modifica-se e se transforma, purifica-se e se condensa, segundo o poder e a elevação das almas, que dele se servem e tecem sua vestimenta astral na sua substância. É o traço de união entre o espírito e a matéria, e tudo, os pensamentos, os acontecimentos, nele se gravam, aí se refletem como imagens num espelho. Através das propriedades desse fluido, através da ação que exerce sobre ele a vontade, explicam-se os fenômenos da sugestão e da transmissão dos pensamentos. Os antigos o chamavam, por alegoria, o véu misterioso de Ísis ou o manto de Cibele que envolve tudo o que vive. Esse mesmo fluido serve como meio de comunicação entre o visível e o invisível, entre os homens e as almas desencarnadas.

A ciência do oculto formava um dos ramos mais importantes do ensino secreto. Ela soube retirar do conjunto dos fenômenos a lei das relações que unem o mundo terrestre ao mundo dos espíritos. Ela desenvolvia, com método, as faculdades transcendentais da alma humana e lhe tornava a leitura do pensamento e a vista a distância possíveis. Os fatos de clarividência e de adivinhação produzidos pelos oráculos dos templos gregos, as sibilas e as pitonisas são comprovados pela História. Muitos espíritos fortes os consideraram como apócrifos. Sem dúvida, é preciso retirar a parte do exagero e da lenda, mas as descobertas recentes da psicologia experimental nos mostraram que havia nesse domínio alguma coisa a mais do que uma vã superstição. Elas nos convidam a estudar, com mais atenção, um conjunto de fatos que, na Antiguidade, repousava sobre princípios fixos e era objeto de uma ciência profunda e extensa.

Essas faculdades se encontram, em geral, apenas nos seres de uma pureza e de uma elevação de sentimentos extraordinários; elas exigem uma preparação longa e minuciosa.

Delfos conheceu tais assuntos. Os oráculos contados por Heródoto, a propósito de Cresus e da batalha de Salamina, provam-no. Mais tarde, abusos misturaram-se a essas práticas.

A raridade dos assuntos tornou menos escrupulosos os sacerdotes na sua escolha. A ciência adivinhatória corrompeu-se e caiu em desuso. Segundo Plutarco, seu desaparecimento foi considerado por toda a sociedade antiga como uma grande infelicidade.

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